Em algum momento da vida, algumas pessoas pensam em encontrar um grande amor, pois, de acordo com uma grande maioria, ele é o caminho da felicidade. Como o amor é um sentimento muito individual, cada um tem uma percepção e uma descrição para ele. O amor, segundo o budismo, é totalmente diferente do amor ocidental. Para o budismo, o amor é dado ao outro de forma desinteressada, ele ajuda o outro a desenvolver suas potencialidades e remover as dificuldades, ele é um sentimento de bem estar. No Ocidente, o amor é um sentimento que requer a presença da outra pessoa, um sentimento de reciprocidade e pertencimento, embora a satisfação do outro seja desejada, ela é dependente.
Minha geração, ao menos uma grande maioria, sonhava com o conto de fadas, que o amor viria através do príncipe encantado, aquele descrito nos livros: lindo, inteligente, romântico e rico, com o qual seríamos felizes para sempre. As propagandas da época eram especialistas em venderem o sonho da Cinderela. No entanto, lembro-me da minha mãe dizendo: muito bem, vamos imaginar que o príncipe sonhado apareça, o que será que ele espera da princesa? E se ele quiser uma princesa com essas mesmas qualidades? Bom, das qualidades que eu esperava do príncipe, eu só tinha uma: romântica. Nessa situação, era melhor seguir o conselho da minha mãe: é melhor estudar, ter uma profissão, autonomia financeira, que o príncipe, se for inteligente, vai aparecer.
Na realidade, era uma forma dela me mostrar que eu não precisava de ninguém para projetar a minha felicidade. Se eu estivesse feliz comigo mesma, eu seria a minha própria princesa encantada. Tem um poema, do qual gosto muito, que alguns dizem ser de autoria de Charles Chaplin, escrito quando ele tinha 70 anos, outros dizem que não é dele, mas uma adaptação livre de um parágrafo do livro de Kim e Alison McMillen, que tem o título "Quando eu me amei de verdade". Mas, seja de quem for, tem uma estrofe que eu gosto que diz: "Quando me amei de verdade, eu realmente entendi que em qualquer circunstância, diante de qualquer pessoa e situação, eu estava no lugar certo e no momento exato..."
Esse trecho traduz uma realidade, quando o amor a nós mesmos vem em primeiro lugar, todos aqueles que estão ao nosso redor percebem e em qualquer circunstância da vida nós vamos reconhecer o que é o melhor para nós e se quisermos, mas só se esse for realmente o nosso desejo, estaremos preparados para encontrar alguém e compartilhar os bons e os maus momentos, construindo uma relação baseada na cumplicidade e não na dependência, com a certeza de que estamos no lugar certo.
E aí, quem sabe, juntos, poderemos nos refugiar no nosso castelo imaginário para vivermos felizes para sempre, mesmo que o "para sempre" sejam apenas algumas horas.